No
principio, um dos problemas do forjamento de espadas e punhais era o fato de que
o ferreiro precisava escolher entre fabricar uma espada com um aço duro e mais frágil,
ou com um aço mais macio, mais difícil de quebrar, mas que se deformava muito
facilmente. Uma lâmina com maior dureza preserva melhor o fio cortante, mas pode
quebrar facilmente sob um forte impacto. Utilizando um aço mais macio a espada
já não quebra tão facilmente, mas tem maior tendência a ficar marcada após uma
batida mais forte. O desafio sempre foi combinar essas duas propriedades em uma
só espada: alta resistência mecânica e dureza combinados com capacidade de
absorver choques sem se deformar plasticamente.
“Aço
Damasceno” ou “Aço de Damasco” é um termo usado desde a idade média pelas
culturas ocidentais para designar um tipo especial de aço utilizado para a
confecção de espadas. O Aço Damasceno é cercado por lendas e mitos, pois a ele é
atribuído propriedades como altíssima resistência mecânica aliada a grande resiliência
(capacidade de absorver energia sem quebrar ou deformar plasticamente). Durante as cruzadas os
guerreiros europeus se depararam com a superioridade das espadas dos guerreiros
de Alá, e as mesmas ganharam uma fama que resiste até os dias de hoje.
Guerreiros islâmicos |
Uma das
características mais marcantes de uma espada ou punhal feito com aço damasceno é
o aspecto da lâmina, caracterizado por um padrão ondulado de linhas claras e
escuras, como mostra a figura abaixo.
Padrão ondulado característico do aço damasceno |
Os primeiros
registros históricos de tentativas de combinar aços macios com aços duros remontam a 2500 a.C. O aço damasceno
teve seu auge de aperfeiçoamento por volta de 300 a.C. e sua fabricação
ainda era realizada até 1700 d.C.
Muitas
lendas rondam as propriedades das espadas damascenas, como por exemplo a capacidade
de cortar um prego ao meio, ou cortar de uma vez só o cano de um fuzil, ou de
cortar em dois pedaços um fio de cabelo ou um lenço de seda deixado cair contra
o seu fio.
As técnicas de forjamento para a fabricação de lâminas se pareciam mais com fórmulas mágicas, pois os verdadeiros fenômenos que ocorriam não eram conhecidos. Têmperas, cementações e adição de elementos de liga eram realizados de forma inconsciente. Rituais de magia e rezas acompanhavam a execução da espada, como os exemplos abaixo:
"...então, após martelar a lâmina até ficar reta e com fio, o ferreiro deve colocar e retirar várias vezes a lâmina dentro de um fogo de madeira de cedro, enquanto recita a prece do deus Baal, até o aço ficar avermelhado como o sol poente, como quando o sol se põe no deserto ao oeste, e depois com um movimento rápido fazer a lâmina penetrar seis vezes na parte mais carnuda das costas ou da coxa de um escravo, até a cor atingir um tom de púrpura. Então, caso a espada com uma só passada feita com o braço direito do Mestre Ferreiro separe a cabeça do escravo do corpo, sem riscos ou trincas, e a lâmina possa ser dobrada ao redor do corpo de um homem e voltar à forma original,então a espada pode ser considerada perfeita e colocada ao serviço do deus Baal."
Tradução da tradução do livro de S. Sass
Em uma saga nórdica consta a seguinte receita (a técnica aqui descrita parece absurda mas foi comprovada pelo Museum of English Rural Life, Reading eficaz como forma de adicionar nitrogênio ao aço. Ou seja, é uma nitretação feita dentro das galinhas!.. :) :
"Tomar um pedaço de ferro e limar o mesmo até virar pó, após misturar com farinha e misturar na ração das galinhas. Após repetir o processo algumas vezes o pó deve ser novamente juntado das fezes das galinhas e ser usado para fabricar a espada. A espada fabricada assim é capaz de superar qualquer outra, sendo capaz de cortar o inimigo em dois, com armadura e tudo."
Tradução da tradução do trecho de R. Hummels
O segredo exato
da fabricação das lâminas damascenas infelizmente se perdeu no tempo. Modernamente,
pesquisas realizadas em fragmentos de lâminas preservadas do século 17demonstraram a presença de nanotubos e estruturas nanométricas lineares que comprovam as propriedades extraordinárias dessas lâminas! Como os antigos ferreiros
da antiga Síria (Damasco é a sua capital) conseguiam obter essas propriedades
continua até hoje um mistério.
Ferreiros de damasco (~1900) |
As técnicas de forjamento para a fabricação de lâminas se pareciam mais com fórmulas mágicas, pois os verdadeiros fenômenos que ocorriam não eram conhecidos. Têmperas, cementações e adição de elementos de liga eram realizados de forma inconsciente. Rituais de magia e rezas acompanhavam a execução da espada, como os exemplos abaixo:
"...então, após martelar a lâmina até ficar reta e com fio, o ferreiro deve colocar e retirar várias vezes a lâmina dentro de um fogo de madeira de cedro, enquanto recita a prece do deus Baal, até o aço ficar avermelhado como o sol poente, como quando o sol se põe no deserto ao oeste, e depois com um movimento rápido fazer a lâmina penetrar seis vezes na parte mais carnuda das costas ou da coxa de um escravo, até a cor atingir um tom de púrpura. Então, caso a espada com uma só passada feita com o braço direito do Mestre Ferreiro separe a cabeça do escravo do corpo, sem riscos ou trincas, e a lâmina possa ser dobrada ao redor do corpo de um homem e voltar à forma original,então a espada pode ser considerada perfeita e colocada ao serviço do deus Baal."
Tradução da tradução do livro de S. Sass
Em uma saga nórdica consta a seguinte receita (a técnica aqui descrita parece absurda mas foi comprovada pelo Museum of English Rural Life, Reading eficaz como forma de adicionar nitrogênio ao aço. Ou seja, é uma nitretação feita dentro das galinhas!.. :) :
"Tomar um pedaço de ferro e limar o mesmo até virar pó, após misturar com farinha e misturar na ração das galinhas. Após repetir o processo algumas vezes o pó deve ser novamente juntado das fezes das galinhas e ser usado para fabricar a espada. A espada fabricada assim é capaz de superar qualquer outra, sendo capaz de cortar o inimigo em dois, com armadura e tudo."
Tradução da tradução do trecho de R. Hummels
"Juntar caules e folhas de Verbena (planta medicinal) e triturar, filtrando o suco com um pano. Acrescente a mesma quantidade de urina de homem e um pouco do suco que sai de larvas de besouro quando amassados. Não aqueça o ferro excessivamente. Deixe-o resfriar até aparecerem manchas douradas e então mergulhe o aço na mistura. Se ficar muito azul quer dizer que ainda está mole."
Livro dos Alquimistas de Nuremberg, de 1532 ("Von Stahel und Eysen")
Fontes:
http://www.arsmartialis.com/index.html?name=http://www.arsmartialis.com/technik/damast/damast1.html
http://de.wikipedia.org/wiki/Katana
http://www.tf.uni-kiel.de/matwis/amat/mw1_ge/kap_4/advanced/t4_1_3.html
http://archaeology.about.com/od/ancientweapons/a/damascus_steel.htm
http://archaeology.about.com/gi/o.htm?zi=1/XJ&zTi=1&sdn=archaeology&cdn=education&tm=50&f=00&su=p284.12.336.ip_&tt=2&bt=1&bts=0&zu=http%3A//www.tms.org/pubs/journals/JOM/9809/Verhoeven-9809.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Damascus_steel
Aço Damasceno - PARTE II
Livro dos Alquimistas de Nuremberg, de 1532 ("Von Stahel und Eysen")
Detalhe de espada do século 16 forjada em aço damasceno |
Fontes:
http://www.arsmartialis.com/index.html?name=http://www.arsmartialis.com/technik/damast/damast1.html
http://de.wikipedia.org/wiki/Katana
http://www.tf.uni-kiel.de/matwis/amat/mw1_ge/kap_4/advanced/t4_1_3.html
http://archaeology.about.com/od/ancientweapons/a/damascus_steel.htm
http://archaeology.about.com/gi/o.htm?zi=1/XJ&zTi=1&sdn=archaeology&cdn=education&tm=50&f=00&su=p284.12.336.ip_&tt=2&bt=1&bts=0&zu=http%3A//www.tms.org/pubs/journals/JOM/9809/Verhoeven-9809.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Damascus_steel
Aço Damasceno - PARTE II
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