12 julho 2011

Vídeo: fabricação de latinhas de alumínio


Esse vídeo é interessante por mostrar características importantes dos processos de conformação de metais.
1. Reciclabilidade: 
Metais são 100% recicláveis. Uma latinha de refrigerante pode ser usada, jogada no lixo, derretida, transformada em chapa e por fim conformada em forma de latinha novamente, e isso indefinidamente!
2. Alta produção:
Processos de conformação são automatizáveis ao ponto de produzirem um volume muito grande de pecas, com alta qualidade e extremamente rápido. Isso, em combinação com o excelente aproveitamento da matéria-prima, fazem com que sejam imbatíveis quando está em questão o custo.
3. Propriedades mecânicas: a conformação de um material metálico abaixo de sua temperatura de recristalização leva a um aumento da resistência mecânica do mesmo (o famoso "encruamento"). Uma latinha de refri tem uma parede com espessura de ~0,2 mm! Apesar de tao fina tem uma resistência considerável, o que nos permite fabricar pecas leves e resistentes.
4. Processos de conformação podem der combinados: na fabricação de uma latinha vários processos são realizados em sequencia para chegar-se à geometria final. Isso é muito comum na conformação. Dificilmente uma peca conformada é fabricada usando apenas um tipo de processo isoladamente.
No caso da fabricacao de uma latinha, os processos de conformação mais importantes são:
  1. corte para retirar o blank da chapa. Corte não é exatamente um processo de conformação, mas está sempre presente. Afinal, antes de virar um produto, toda a chapa tem de ser cortada.
  2. o blank circular é transformado em um copo chato pelo processo de estampagem (estampagem = conformação de chapas) chamado embutimento profundo.
  3. daí para frente o processo usado é o chamado "ironing", em vários estágios, onde a espessura da chapa vai sendo progressivamente reduzida e a altura da peca aumentada (o "ironing" (não conheço o nome em português...) não é considerado um processo de estampagem, é sim considerado de conformação massiva).
  4. Por fim, conformação rotativa do pescoço da lata, e grampeamento ou rebordamento da tampa.
Enfim, abaixo está o vídeo:



07 julho 2011

A Ferramentaria depois dos Aços de Alta Resistência

Este post é uma tradução livre das partes mais importantes de um artigo de Tim Stephens, de 31/03/2011. Foi retirado do Metal Forming Facts, e explica bem como o advento dos aços de alta resistência impactam a área de ferramentaria.

 
A nova leva de aços avançados de alta resistência (AHSS) influenciam como as ferramentas de estampagem são usadas para produzir partes automotivas estruturais ou classe A (painéis externos). Estima-se que o uso de AHSS irá no mínimo triplicar nos próximos anos. Qual será o impacto disso sobre as ferramentarias, projetistas de ferramentas e para a técnica de conformação?

Ferramentas de estampagem construídas há 25 anos atrás possuíam estrutura de ferro fundido com paredes espessas, e caros insertos feitos em aço ferramenta em todo o contorno da forma, tanto na parte superior quanto na inferior. Praticamente 100% das ferramentas para painéis externos eram usinadas e posteriormente ajustadas manualmente. Ao final, essas ferramentas eram verdadeiras obras de arte, capazes de produzir milhões de peças e cuja durabilidade era de décadas - mesmo que não fosse necessário. Desde aquela época o mundo da estamparia mudou.

Nos últimos 25 anos a indústria automotiva vivenciou uma redução significativa nos volumes de produção por modelo devido ao crescimento da competição global. Como consequência as ferramentarias foram obrigadas a reduzir os custos de fabricação do ferramental de estampagem. Reduzindo o número de ferramentas necessárias, as horas de usinagem, otimizando a estrutura da ferramenta e fazendo uso de tecnologias digitais de fabricação, os custos dos ferramentais caíram pela metade somente na ultima década.

Menor número de ferramentas, cada uma com menos material e menos horas de usinagem, necessariamente se traduz em menor custo. As ferramentas de hoje são projetadas para trabalhar com chapas padronizadas, e baixa produção. Para esses tipos de chapa e volumes de produção esse tipo de ferramental e suficiente. Nem mais, nem menos. Porem aumente a resistência das chapas ou o volume de produção e essas ferramentas não vão agüentar o tranco. Seria como jogar um alicate dentro da ferramenta enquanto a prensa está fechando.

Metas governamentais de redução de consumo forçam o aumento do uso de aços de alta resistência.

O Tio Sam está na sua estamparia neste momento. Ele está prestes a jogar um grande alicate em 25 anos de trabalho. Se você é uma OEM e quer vender carros e caminhões nos EUA em 2016, seus veículos precisarão satisfazer a exigência federal CAFE (em tradução livre: Economia Media de Combustível para as Corporações) de 30 milhas por galão de combustível. Isso significa um aumento de 40 por cento em relação à situação atual.

Para atender aos padrões da CAFE, as OEM têm duas alternativas:
- parar de fabricar automóveis movidos à gasolina, ou
- fabricar carros mais leves.
Como as energias alternativas ainda não estão suficientemente desenvolvidas, as OEM são forçadas a encontrar saídas para a redução do peso das carrocerias.

Diga olá para os "Super Aços"

Existe uma relação direta entre a massa do veículo e seu consumo de combustível.  O desafio é projetar veículos leves mantendo sua integridade estrutural. Peso e resistência são grandezas opostas. A resposta a essa dicotomia é inventar materiais que são super leves e super resistentes. E enquanto os norte-americanos forem viciados em gasolina, as companhias automotivas serão viciadas em aço para fabricar carrocerias.

O mundo está mudando de novo, em consequência dos Super Aços: são os aços avançados de alta resistência (AHSS, advanced high strength steels), com resistência a tração da ordem de 1000 MPa. A única saída para atender as agressivas normas da CAFE é construir veículos feitos com esses super aços. Quem é da área de ferramentaria e sente saudades dos bons e velhos tempos das ferramentas de alta produção e super robustas, sua espera terminou. Fabricar carros mais leves requer ferramentas mais pesadas. Você vai realizar seus desejos, com exceção da alta produtividade.

O uso de AHSS em automóveis deve triplicar nos próximos anos. Qual é o impacto disso na ferramentaria? Esses materiais influenciam como as chapas são conformadas, como as ferramentas são projetadas e quanto essas ferramentas irão custar.

Fator
Impacto
Políticas governamentais (nos EUA o CAFE)
Reduzir o peso dos veículos requer o uso de AHSS


Uso de AHSS
- maior retorno elástico
- mais manutenção para eliminar problemas na fabricação
- conformação mais crítica
- maior necessidade de lubrificação e refrigeração
- maior uso de ferramentas de calibrar
- mais ferramentas por linha
- menos utilização de material
- nova arquitetura de ferramenta
- maiores custos de ferramental


Meio ambiente e saúde ocupacional (nos EUA, EPA e OSHA)
Decisões quanto à lubrificação e refrigeração mais difíceis

É interessante notar que o governo americano força o desenvolvimento tecnológico através das políticas de redução de emissões e de aumento da segurança dos veículos. No Brasil o governo não deveria fazer o mesmo? Por que precisamos dirigir veículos menos seguros? Bom se nós pensarmos o quanto está demorando para os airbags serem obrigatórios aqui, vai demorar ainda para que vivamos essa mudança descrita no texto. Mesmo assim, será preciso desenvolver essas tecnologias para podermos no mínimo exportar.

01 julho 2011

Porta de automóvel fabricada em chapa de magnésio

Pesquisadores do Instituto Frauenhofer de Chemnitz (IWU), Alemanha, desenvolveram o processo de conformação que possibilita a fabricação. A porta (estrutura interna) pesa somente 4,7 Kg. Em comparação, uma porta de aço pesa 10,7 Kg!
"Magnésio é um material com alta disponibilidade e é conformável. Possui ainda, como no exemplo da porta de automóvel, propriedades semelhantes à do aço. Tem por exemplo uma rigidez comparável.", explica Sören Scheffler, líder do grupo de pesquisa no IWU, e acrescenta: " Nós desenvolvemos tecnologias de conformação específicas para a conformação de ligas de magnésio, de forma que esse material leve possa, futuramente, ser usado na indústria automotiva".


Fonte: http://www.automobil-industrie.vogel.de/karosserie/articles/310464


Conformar magnésio não é fácil! À temperatura ambiente ele possui uma estrutura cristalina hexagonal, o que não é ideal, sendo muito frágil. Para torná-lo conformável é necessário aquecer a matéria-prima. Após uma determinada temperatura a estrutura cristalina muda, para cúbica de face centrada, semelhante à do aço.
Conformar a quente não é tão fácil... será que um dia vai valer a pena a ponto de substituir o bom e velho aço?